segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Crash (2004)


Uma colisão que nada tem a ver com a ambígua obra prima de David Cronenberg mas que foca um dos principais problemas da sociedade mundial (especialmente notória nos EUA, visto tratar-se de um autêntico "melting pot", uma expressão geográfica indicadora da miscelânia de etnias).
Este filme, do realizador Paul Haggis, previsivelmente oscarizado em 2004, enche-nos de emoções contraditórias ao contar as experiências sociais de várias personagens estereotipizadas: Um polícia aparentemente racista e xenófobo; dois negros racistas delinquentes; um procurador da cidade de L.A; um serralheiro hispânico (provavelmente a alma mais caridosa do filme), um iraniano irascível e mal-encarado que tenta sobreviver desesperadamente com a sua loja, entre outras. O filme começa com a descoberta de um cadáver de uma das personagens acima citadas. É uma entrada brutal, em que desconhecemos por completo as motivações da ocorrência. O restante filme é-nos contado de forma sequencial através de cada personagem.
É um filme intenso e muito introspectivo, estudioso dos estereótipos. As personagens que surgem assumem precisamente as características morais que inconscientemente atribuímos
a determinadas etnias...temos o polícia que humilha um negro e a respectiva mulher...o serralheiro hispânico que aparentemente é um bandido...o xenófobo comerciante iraniano, os negros ladrões, etc.
Ao longo do filme, as figuras assumem comportamentos morais diferentes e laudatórios, como o polícia que posteriormente salva a mulher que humilhou sexualmente; o negro que salva um grupo de imigrantes clandestinos destinados à venda, entre outros episódios que são descritos no filme.
No fim do filme, é emocionante constatar a felicidade que se apodera dessas personagens e sentimo-nos tocados com os seus actos humanitários. No entanto a cena seguinte, a final (curiosamente, um acidente rodoviário entre 2 etnias diferentes) remete-nos para a triste conclusão de que afinal, ainda há muito para lapidar nas relações sociais humanas...

Nota pessoal (1-10) - 7,5

Pontos fortes: Argumento coeso, boa representação da Sandra Bullock e do Don Sheadle.
Pontos fracos: Um pouco politizado e enfabulatório (o "tiro" na miúda) o que retira algum realismo a algumas cenas.

1 comentário:

Anónimo disse...

já ouvi falar muito neste filme. a ver um dia destes!