quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Mysterious Skin (2004)




EUA / Drama / 99 min
Realizador: Gregg Araki.

Escritores: Scott Heim; Gregg Araki.

Actores: Joseph Gordon-Levitt como Neil; Brady Corbet como Brian; Bill Sage como Coach.




Review: Mysterious skin é sem dúvida um "must see"! Teve uma escrita bastante cuidada e em termos de realização e banda sonora está divinal. A banda sonora é composta por temas instrumentais que apareçem sempre na altura certa e com uma intensidade que varia numa proporção perfeita com as imagens e com o estado de espírito próprio da cena em questão.


É um filme em que a história nos é contada em crescendo, de forma alternada (como aconteçe nos filmes de Inarritu por ex.) e que nos é transmitida com alguma indefinição e confusão no início mas que é brilhantemente espalhada (digamos assim) e contada ao longo do filme, sendo que no final tudo nos é revelado de uma maneira tão subtil quanto bela. O final é lindíssimo.

Mysterious Skin conta-nos a história de 2 rapazes completamente diferentes entre si, que se cruzaram e viveram uma experiência algo traumatizante em miudos relacionada com abuso sexual por um homem mais velho.

Este filme pareçe ter algo de Inarritu como já disse, mas também umas pinceladas de Larry Clark, sobretudo na abordagem do crescimento das 2 personagens nos seus meios de vida bem distintos.

Por um lado temos o Brian, rapaz tímido, solitário que com 8 anos teve 2 episódios em que esteve desapareçido durante 5 horas e que não guarda senão pedaços de memória desse tempo, e que entra ja em adolescente numa busca incessante por esses 2 bocados em branco na sua vida.


Do outro lado temos Neil, quase o oposto de Brian, extrovertido, o melhor no desporto, que gosta de experimentar tudo e que desde muito jovem se assume como homossexual, após uma experiência sexual com um homem mais velho!

O filme retrata as experiências de vida destes 2 jovens desde os 8 anos até à idade adulta, e é engraçado ver partes da história serem contadas pela voz do narrador, sendo o narrador estes 2 actores alternando consoante a personagem.

Este filme contem algumas cenas de violência e violação que poderão causar algum mau-estar, sobretudo a última cena de violação que se passa na casa de banho! Houve contudo por parte de Araki o cuidado de não mostrar muito o corpo nas cenas de sexo entre os miúdos ou mesmo entre adulto-miúdo, recorrendo muitas vezes à filmagem apenas da expressão facial e pequenos gestos, com a tal excepção escrita em cima!


É um filme que aborda a homossexualidade fruto de um acontecimento trágico ocorrido numa fase muito vulnerável do crescimento de uma criança, e tudo o que gira à sua volta, como o problema das doenças sexualmente transmissíveis, a prostituição, a indefinição e a confusão da sexualidade de cada um de nós.


Mas o que não está inerente ao filme, aquilo que está nas entrelinhas diz-nos que este filme é muito mais que isto! Fala da destruição da inocência e de como isso pode afectar o trajecto de vida de cada um. Fala-nos de perseguirmos uma luta na nossa auto-descoberta, sobre o passado e da importância de recordá-lo e finalmente da amizade e daquelas pessoas que por mais longe que estejam estarão sempre por perto


Araki brilhantemente dá maior importância aos diálogos em determinadas alturas, quando procura passar a mensagem de uma forma mais directa (o que aconteçe no final), e ao grafismo sobretudo naquela imagem que é repetida por 2 vezes e que representa sentimentos como a ingenuidade e a meninice e aquela cena nostálgica do Neil e da Wendy no cinema ao ar livre em que começa a nevar e ela refere que está a ouvir a voz de Deus, num momento que pareçe ter saído do nada mas que enriqueçe visualmente o filme.


As 2 imagens:





as últimas palavras deste belo final:


Quem me dera haver uma maneira de ir ao passado e poder mudá-lo.

Mas não havia, e não havia nada que pudéssemos fazer a esse respeito.
Por isso, mantive-me calado e tentei dizer-lhe telepaticamente o

quão arrependido eu estava, com o que tinha acontecido.

Quando penso em toda a dor, tristeza e sofrimento que há no mundo.

Dá-me vontade de fugir.

Desejo por tudo, que pudéssemos deixar tudo para trás.


E nos elevássemos, tal como se fossemos dois anjos na noite, e como por magia....desaparecêssemos.

Pontuação: 8.5 em 10.

Referência final: de referir que este filme foi nomeado 12 vezes em várias categorias, tendo ganho 5 prémios a maioria dos quais a reconheçer o trabalho de Gregg Araki e de Joseph Gordon-Levitt.

Este último cresceu imenso desde o 3º calhau a contar do sol, e está um actor brilhante, depois de ter visto Brick e The Lookout e de ver o papel terrivelmente difícil que assumiu com este filme, posso afirmar que Joseph Gordon-Levitt faz qualquer papel com mestria!


Revisto a 01/12/2007 por Manic

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Impressões acerca do cinema madeirense...

Vi o trailer e confesso que fiquei surpreendido. os quase 4 minutos exalam um potencial tanto em termos de argumento, como visuais. Oxalá que alguma percentagem dos fundos comunitários sejam utilizados no desenvolvimento deste embrião cinematográfico em vez do "betanismo jardinista" que tão mal tem feito à Madeira nestes últimos anos.
Politiquices à parte, a verdade é que todo o nosso país é dotado de paisagens adequadas à rodagem de películas. Lisboa foi utilizada nos cenários das "viagens de Gulliver", assim como no intrigante filme " A Nona Porta" de Roman Polanski. Wim Wenders também a usou como pano de fundo no seu filme "Lisbon Story". Em relação à Madeira, pouca ou nenhuma coisa se fez para promover o cinema. Recordo-me de um filme nos anos 80 rodado no Caniçal, no qual ainda existem vestígios dos cenários em algumas partes. Mas congratulo o pelouro da cultura pela exumação de algumas pérolas do cinema madeirense (como é o caso de "Canção na Terra", que retrata o impacto da seca nos habitantes do Porto Santo), e exibidas em festivais de cinema. Agora, só nos resta pressionar determinados sectores para que sejam canalizados investimentos na esperança de dar a conhecer, em película o valor paisagístico e o misticismo característico do povo madeirense.

Hajam .. (manik, este fim de semana regresso ao consumo cinematográfico)

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

As memórias que nunca se apagam - "curta" madeirense


No penúltimo dia do Festival, foi então exibido a curta daquele que poderá ser a próxima grande produção regional nesta área! Por acaso, já tinha ouvido falar que estavam a gravar cenas para um filme madeirense e nesse dia fui completamente apanhado por esta pequena grande surpresa.

Pelo que já li e pelo que os 2 grandes mentores deste projecto disseram nesse dia, a primeira parte da história e das filmagens estão concluídas, ficando o restante na expectativa de apareçerem fundos que permitam a sua continuação, daí a importância da apresentação deste pequeno aperitivo no Festival. Pelo que li, cada minuto de película custa 400 euros e estamos a falar de um filme que se prevê que dure hora e meia.

Quanto à história ela pareçe engraçadissima. A primeira parte é passada no longínquo ano de 1936 e relata a história de um amor proibido entre dois jovens que queriam fugir para casar, mas que ao serem proibidos pelo pai da moça, separam-se emigrando ele, na promessa de um dia voltar para a vir buscar!

A segunda parte da história passa-se em 2007, com o regresso de João (personagem masculino principal) à ilha, encontrando Maria(personagem feminina) viúva. O amor entre os dois reacende-se e ambos têm de lutar agora contra a neta dela e com os preconceitos da sociedade.

A banda sonora, que me impressionou bastante durante o trailer, é da autoria do compositor Jorgue Salgueiro.

Fica aqui então o pequeno contributo do nosso blog na divulgação do sonho destes 2 jovens - o produtor Eduardo Costa e o actor Dinarte Freitas, num projecto que no que me diz respeito tem pernas para andar, resta-nos esperar que apareçam os fundos.
Lembrem-se que CINEMA também é CULTURA!

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

As Sinopses prometidas...

Uranya (2006)
Argumento: Costas Kapakas;
Realizador: Costas Kapakas;
Actores: Maria Grazia Cucinotta, Dimitris Piatas, Tassos Palatzidis, Fotini Baxevani, Taxiarhis Hanos;
Comédia / 100minutos / Grécia


Numa Pequena aldeia cinco adolescentes crescem com sonhos, preconceitos, segredos e mentiras, mas ávidos por descobrir o amor e o mundo.

A Grécia vive sob as regras tirânicas da junta militar e a sua opressão é sentida por todo o lado. É nesta atmosfera que os jovens crescem em sonhos, preconceitos, segredos e mentiras. O verão de 1960 marca uma reviravolta nas suas vidas. Uranya é uma senhora muito bonita que fora da aldeia, numa casa junto ao mar.

Os jovens planeiam uma jura conjunta: poupar dinheiro suficiente de forma a visitarem Uranya e se iniciarem nos mistérios do amor. Quando confrontados com o grande dilema entre comprar a primeira televisão a preto e branco a fim de verem a aterragem na lua ou permanecerem fieis à jura de visitarem Uranya, os outros jovens desistem e Achilles vê-se sozinho. No final de contas, irão quebrar a jura em favor da visita a Uranya ou será a perspectiva de verem a aterragem na lua demasiado tentadora?


Bliss (2007)
Argumento: Abdullah Oguz;
Realizador: Abdullah Oguz;
Produção: Abdullah Oguz.
Drama / 126 minutos / Turquia
Meryem, uma jovem de 17 anos, é encontrada inconsciente junto a um lago. A sua família, que vive numa aldeia a este da Turquia, julga que Meryem corrompeu voluntariamente a sua castidade e decide matá-la pela necessidade de preservar a honra da família. Esta tarefa é atribuída a Cemal, seu parente próximo. Entretanto, um reputado professor de sociologia, Irfan Kurudal segue viajem de barco, deixando para trás a vida em Istambul, por estar a passar por uma crise de identidade.

O trilho de Meryem e Cemal cruzam-se inesperadamente com o do porofessor na viajem para a morte que estes empreendem. Será que estas três pessoas, que partem em busca da liberdade e de uma segunda oportunidade na vida, serão capazes de ultrapassar o destino neste jornada?


Proibido Proibir (2007)
Argumento: Jorge Durán;
Realizador: Jorge Durán;
Drama / 105 minutos / Brasil

Proibido Proibir conta a história de três jovens universitários: Leon, estudante de sociologia, Letícia, estudante de arquitectura e Paulo, estudante de medicina.

Leon divide apartamento com Paulo. Letícia e Leon são namorados. Quando Letícia conheçe Paulo, os dois se apaixonam. Mas, como Paulo é o melhor amigo de Leon, o triângulo amoroso não se realiza. O que não impede que apareçam tensões entre os jovens.

Os 3 amigos vivem uma experiência limite quando resolvem ajudar Rosalina, paciente que está internada no hospital universitário onde Paulo faz residência, preocupada com o sumiço dos filhos. Ao procurar pelos meninos nos subúrbios do Rio, Leon, Paulo e Letícia se confrontam com a violência da cidade.

Leon tenta resgatar o filho menor de Rosalina, que está sendo perseguido por policiais que assassinaram seu irmão, mas é ferido. No seu carro, Letícia pega Leon e o leva para o apartamento dele. Paulo faz uma cirurgia para retirar a bala do ombro do amigo. A experiência fortaleçe o amor de Paulo e Letícia e consolida a amizade do trio.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

"Bliss" ganha 3º Festival Internacional de Cinema do Funchal

O filme "Bliss" do realizador turco Abdullah Orguz foi o grande vencedor da terceira edição do Festival Internacional de Cinema do Funchal.

O filme foi ainda distinguido com os prémios para Melhor Filme, Melhor Realizador, e Melhor Actriz (Ozgu Namal), pelo que foi o grande vencedor da noite.

O filme "Uranya", do grego Costas Kapakas, recebeu o Prémio Especial do Público, o «En la Cama», do chileno Matias Bize, o Prémio Especial do Júri e o «La Memoire des Autres», da suíça Pilar Anguita-Mackay, o Prémio para o Melhor Argumento.

Lima Duarte recebeu o Prémio de Melhor Actor pelo seu desempenho no filme "Depois Daquele Baile" (um dos filmes que pude ver e realmente o seu desempenho foi muito bom).

O Festival homenageou ainda a actriz britânica Susannah York pela sua carreira na sétima arte.

O júri desta terceira edição era constituído pela produtora brasileira Elisa Tolomelli, pelo distribuidor francês Bruno Chatelin, pela realizadora brasileira Malu de Martino, pelo director de fotografia António santos e pelo jornalista José Vieira Mendes.

Esta iniciativa teve o apoio da Câmara Municipal do Funchal e a organização da Cooperativa de Cinema PLANO XXI.

Em breve queria deixar-vos com a sinopse do Bliss, do Uranya e do Proibido Proibir!

domingo, 11 de novembro de 2007

WTHAM&P? presente no seu 1º Festival de cinema


Ah pois é, nesta semana que passou o nosso modesto blog de cinema deu um grande passo em frente ao estar presente por 2 vezes em 2 sessões do 3º Festival Internacional de Cinema do Funchal.

Sendo este, um festival low-budget e sem prémios monetários é de aplaudir o número de submissões a concurso que surgiram do investimento feito ao dar a conheçer este festival no último mercado do Filme em Cannes (centena e meia de filmes de 39 países distintos, já é muito bom).


Para além dos filmes em competição, o programa deste ano contou também com uma amostragem de filmes brasileiros, graças ao apoio da Fundação Luso-brasileira.


As sessões tiveram lugar no teatro Baltazar Dias às 15h,18h e 21h30 e o preço era bem razoável - 3 euritos apenas. A cerimónia de encerramento e entrega de prémios teve lugar no Centro de Congressos da Madeira.

No dia 3 Novembro 2007 pude ver o filme "Diário de um Novo Mundo" - inserido na amostragem de filmes brasileiros - e a 9 de Novembro o filme "Depois Daquele Baile" - um dos filmes em competição - e cujas reviews farei em breve!