terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Arrumar o quarto


Primo não sei se reparaste mas o nosso "quarto" está diferente! Calma, não deitei nada no lixo, apenas dei um jeito na organização das coisas!

Andei por aí a ver outros blogs de cinema de qualidade, e reparei que o nosso anda um pouco anárquico em organização e conteúdo!

Queria tentar com a tua ajuda e a partir de agora situar melhor os filmes que vamos vendo, para isso pensei em dividir o lado direito do ecrân em anos (de 2000 a 2007 individualmente) e em décadas (90`s, 80`s...) e filmes anteriores a 1950. Se alguns anos não apareçerem é porque ainda não temos nenhum filme dessa altura. Podes continuar a fazer as reviews na mesma e depois eu trato de colocar a hiperligação do teu texto no sítio certo!

Era importante também já a partir de 2008:

- estarmos mais a par dos filmes que vão saindo, dentro dos actuais tentar ver os que gostamos mais e logo que consigamos vê-los colocamos logo a review; podemos tentar intercalar um filme de 2008 com outro de um ano qualquer!

- no final de 2008 (e isto foi algo que vi noutro blog), fazermos um top 10 em filmes daquele ano, tu fazias o teu e eu o meu; com uma imagem do filme à escolha e uma breve opinião própria;

- acompanhar melhor as notícias de grandes filmes previstos para daqui a um tempo (2008 vai ser pródigo em sequelas);

- acompanhar novos trabalhos daqueles realizadores que mais gostamos;

- outras ideias sugeridas..

Rush Hour 3 (2007)



EUA / Acção / Comédia / Crime / 90 min
Realizador: Brett Ratner.
Actores: Jackie Chan como Chefe Inspector Lee; Chris Tucker como Detective James Carter; Hiroyuki Sanada como Kenji; Yvan Attal como George..

Review: Bem, num esforço quase inglório para levar a todos vós (a minha família, a do Primo e mais 2 ou 3 amigos :) ) algumas reviews de filmes actualmente nas nossas salas de cinema, e porque estes dias de seca em casa convidam à visualização de um qualquer filme, tive a ver o Rush Hour 3 no dia de Natal! Quase que isto soa a castigo :)

O que vale é que esta review vai ser bem curtinha :)

Para começar a história é super simples - o embaixador Han é alvejado por um grupo de mafiosos a nível mundial, a sua filha será a próxima e os nossos amigos Lee e Carter terão de ir a Paris proteger uma rapariga que sabe demais sobre esse grupo e que está à beira de ser assassinada, por aqui nada que nunca tenhamos visto!

Foi-me particularmente engraçado ver logo no início do filme uma praça em LA que foi usada no episódio final da 1ª época da série Heroes, estimei!

Gostei também muito da personagem françesa que mais interagiu com os nossos detectives, o taxista George, que de início era contra os americanos e logo de seguida já era super a favor (lol), era uma personagem bem irónica que enfatizou por várias vezes alguns dos horríveis comportamenros americanos!

Podem esperar deste filme muita acção com cadeiras, sofás e inclusive puffs, comédia nem por isso - a parte dos apanhados que apareçe no genérico final tem mais piada que as piadinhas secas do Carter durante todo o filme! Temos também 2 situações de fantochiçe levado ao extremo, só reparei mesmo em 2 e uma cena bastante previsível lá para o fim!

De notar que é um filme bem curtinho, não é o ideal para fazer tempo.

Nota: 5 em 10.
Referência final: Não façam um 4º filme....só se for rodado em Portugal!

revisto por Manic a 25/12/2007

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Hot Fuzz (2007)



UK / Acção / Comédia / Crime / Mistério / 121 min
Realizador: Edgar Wright.
Escritores: Edgar Wright, Simon Pegg.
Actores: Simon Pegg como Sargento Nicholas Angel; Nick Frost como Danny Butterman; Timothy Dalton como Simon Skinner; Jim Broadbent como Inspector Frank Butterman..


Review: Antes de mais este deve ser dos filmes mais completos e ricos que vi nos últimos tempos!

É uma produção britânica, pareçe-me que a grande maioria senão todos os actores também o são, e tem de tudo um pouco: comédia, bem ao estilo das sitcom inglesas que viamos na 2; montes de mistério um pouco na onda daquela série também britânica - Crime, disse ela; acção com uns 15 minutos estonteantes num contraste fabuloso com a parte inicial do filme (é engraçado eles no filme falarem em filmes como o Bad Boys, filmes do Chuck Norris e nos últimos 15 minutos vermos tudo o que estes filmes são, representados em Hot Fuzz - um final 99% made em Hollyhood); e a parte que mais me espantou - este filme tem algo de "The Village" ( mas não tão conseguido) pois a aldeola retratada no filme tem muito que se lhe diga, e isto foi algo que eu nunca estaria à espera.

Hot Fuzz fala-nos de um super polícia - Nicholas Angel, que se tava a tornar num empecilho aos altos comandos da sua esquadra em Londres e por isso é transferido para a "pacata" vila de Sandford (a vila com menor taxa de assassinatos e maior taxa de acidentes, humm).

À chegada a Sandford, Nicholas depara-se com uma cidade aparentemente anárquica em termos de policiamento tendo efectuado a sua primeira detenção num bar ainda antes de entrar em serviço, ao prender um gajo a conduzir bêbado, sendo que esse gajo era...polícia! O que eu me ri com esta..

Ao longo do filme são deixadas piadinhas e situações geniais pela sua simplicidade e estupidez como a caixa dos palavrões que se encontra na esquadra; o estagiário sedento de acção policial que nunca havia disparado um tiro; uma das diligências - capturar dois gansos fugidos, e montes de outras.

É um filme muito bem estruturado, com uma parte introdutória grande no início, uma parte intermédia onde se dá os crimes, e uma parte final de resolução da trama sempre a abrir como disse em cima.

Foi engraçado chegar a 3/4 do filme e reparar que tinham sido deixadas pistas já desde os primeiros 15` de filme, que nos poderiam ajudar na resolução da trauma, obrigando-nos quase a uma 2a visulaização!

A trama desenvolve-se em crescendo, nunca esqueçendo a parte cómica e com uma clara componente de exagero (hipálage) em muitas situações!

Aconselho a todos os fãs de cinema e comédia britânicos pois conjuga as 2 vertentes de uma forma bem engraçada!

Aspectos com piada: Nunca tinha visto um pontapé numa velhota a lhe partir o nariz e uma pancadaria e troca de tiros brutal num supermercado até ver Hot Fuzz!

Nota: 7 em 10!

revisto por Manic a 24/12/2007

domingo, 23 de dezembro de 2007

Elizabeth:The Golden Age (2007)



UK /Biografia / História / Drama / 114 min
Realizador: Shekhar Kapur.
Actores: Cate Blanchett como Rainha Elizabeth I; Clive Owen como Sir Walter Raleigh; Jordi Mollà como Rei Flipe II de Espanha; Abbie Cornish como Elizabeth Throckmorton; Geoffrey Rush como Sir Francis Walsingham.


Review: Não sei se sabem mas Shekhar Kapur já em 1998 tinha realizado um filme intitulado Elizabeth: the Virgin Queen (nome muitas vezes usado neste filme) que contou inclusive com Cate Blanchett e Geoffrey Rush pelo que, como não vi este primeiro filme não sei se isto é de alguma forma uma continuação!

Sendo que o primeiro pareçe ter focado os primeiros anos de reinado e as dificuldades em se tornar uma verdadeira monarca, pareçe-me que no segundo filme´, pelo menos esta última dúvida se mantêm.

Falando agora do Elizabeth: The Golden Age, este filme fala-nos do reinado de Elizabeth aquando da forte pressão feita pelos espanhóis no sentido de alastrar a fé católica em Inglaterra, sendo que a rainha de Inglaterra liderava uma maioria protestante na altura!

Elizabeth é-nos apresentada como uma rainha virgem, sem marido e o mais preocupante para a altura - sem descêndencia. É uma rainha justa para com o povo, misericordiosa, e um pouco "presa" às suas tarefas como rainha, e toda as burocracias entre reinos, às constantes pressões dos seus conselheiros até ao dia em que conheçe um pirata inglês que aos poucos foi marcando presença na côrte junto da rainha e que representava ideais como a liberdade, a juventude, a destreza sentimentos esses que pareçiam despertar nela uma Elizabeth escondida durante imenso tempo.

Este filme, pecou talvez por basear-se e não sei até que ponto, em 100% de factos reais, pois torna-se irritavelmente egocêntrico e aborrecido, cheio de mordomias e vénias e reuniões chatas.


E só quando a história sai dos ambientes da côrte é que pareçe que o filme ganha novo fôlego, como na cena em que o pirata e a Rainha cavalgam lado a lado ena cena do discurso que esta faz às suas tropas!


Por volta do minuto 80 pareçia que a coisa iria melhorar, mas a parte da derrota histórica da armada espanhola frente aos poucos barcos do lado da Inglaterra que poderia trazer alguma acção a um filme até ao momento chato, é-nos contada em poucos minutos e sem brilho nenhum de nada valendo o desempenho do Clive Owen na "liderança" da batalha.

Pontuação: 6 em 10.

Referência final: apesar de tudo foi um bom desempenho da Cate Blanchett. O Clive Owen não se consegue mostrar devido à atenção estar toda, toda, mesmo toda em Cate.
revisto por Manic a 23/12/2007

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Garden State (2004)


EUA / Drama / 102 min
Realizador: Zach Braff.
Escritor: Zach Braff.
Actores: Zach Braff como Andrew Largeman; Ian Holm como Gideon Largeman; Peter Sarsgaard como Mark; Natalie Portman como Sam.


Aos anos que eu pedia um filmes destes!!! Revejo-me completamente na personagem principal e em todos os dilemas com que ele vive desde o início até ao fim do filme.

Finalmente um filme que não tem nada de côr de rosa (que se foda esses malditos filmes em que o menino bom fica com a rapariga boazinha e é sempre a mesma merda), em que as relações não têm de bater certinho, em que os amigos também brigam, em que as relações familiares não correm bem, em que o casalinho do filme não se junta logo aos 5 minutos de filme.


A história é bastante simples, fala-nos de um rapaz que volta à Santa Terrinha após 9 anos de ausência (esta Santa terrinha até lembra a Madeira) para o funeral da mãe, sendo que as relações com a família não são as melhores, e meio atordoado com tudo o que se passa à sua roda juntamente com a carrada de anti-depressivos que tomou até à morte da mãe, vai vagueando pela cidade e reencontrando os seus velhos amigos que não via à anos. Alguns deles tiveram sortes bem distintas, e até episódios bem engraçados que resultarame em empregos que não lembram a ninguém: 2 coveiros, 1 polícia, 1 a trabalhar disfarçado de cavaleiro num fast-fodd..

E é com a convivência com estes, e do encontro casual com uma rapariga também não menos problemática, que ele volta um pouco à realidade e que tem aquela conversa séria que já deveria ter tido com o pai, que equaciona o que será agora o seu futuro, e ao lado de quem quer estar, etc.

É um filme que aborda desde o princípio até ao fim a temática da reflexão, o esclareçer situações do passado e seguir em frente, é o grito do Iparinga brilhantemente reproduzido naquela cena em que o Andrew e os amigos sobem a uma catterpila que se encontra num sítio remoto e gritam com toda a força dos seus pulmões!

Como ponto negativo destacava o final um bocadinho fraquinho, a mereçer algo francamente melhor trabalhado!

Um pormenor engraçado que também vi referido nos comments do IMDB, Zach Braff escreveu, realizou e entrou no filme como personagem "principal" e principal escrito desta forma porque em várias cenas ele pareçe que não está lá, tou-me a lembrar duma cena em que ele está numa festa e toma uma pastilhinha de ecstasy e todos os outros divertem-se à grande enquanto ele está parado no sofá e a atenção está nos seus amigos! Propositado de alguma forma?

Pontuação: 7 em 10.
Referência final: 11 prémios entregues sobretudo a premiar Zach Braff como jovem realizador, e a banda sonora que acompanha o filme.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Crash (2004)


Uma colisão que nada tem a ver com a ambígua obra prima de David Cronenberg mas que foca um dos principais problemas da sociedade mundial (especialmente notória nos EUA, visto tratar-se de um autêntico "melting pot", uma expressão geográfica indicadora da miscelânia de etnias).
Este filme, do realizador Paul Haggis, previsivelmente oscarizado em 2004, enche-nos de emoções contraditórias ao contar as experiências sociais de várias personagens estereotipizadas: Um polícia aparentemente racista e xenófobo; dois negros racistas delinquentes; um procurador da cidade de L.A; um serralheiro hispânico (provavelmente a alma mais caridosa do filme), um iraniano irascível e mal-encarado que tenta sobreviver desesperadamente com a sua loja, entre outras. O filme começa com a descoberta de um cadáver de uma das personagens acima citadas. É uma entrada brutal, em que desconhecemos por completo as motivações da ocorrência. O restante filme é-nos contado de forma sequencial através de cada personagem.
É um filme intenso e muito introspectivo, estudioso dos estereótipos. As personagens que surgem assumem precisamente as características morais que inconscientemente atribuímos
a determinadas etnias...temos o polícia que humilha um negro e a respectiva mulher...o serralheiro hispânico que aparentemente é um bandido...o xenófobo comerciante iraniano, os negros ladrões, etc.
Ao longo do filme, as figuras assumem comportamentos morais diferentes e laudatórios, como o polícia que posteriormente salva a mulher que humilhou sexualmente; o negro que salva um grupo de imigrantes clandestinos destinados à venda, entre outros episódios que são descritos no filme.
No fim do filme, é emocionante constatar a felicidade que se apodera dessas personagens e sentimo-nos tocados com os seus actos humanitários. No entanto a cena seguinte, a final (curiosamente, um acidente rodoviário entre 2 etnias diferentes) remete-nos para a triste conclusão de que afinal, ainda há muito para lapidar nas relações sociais humanas...

Nota pessoal (1-10) - 7,5

Pontos fortes: Argumento coeso, boa representação da Sandra Bullock e do Don Sheadle.
Pontos fracos: Um pouco politizado e enfabulatório (o "tiro" na miúda) o que retira algum realismo a algumas cenas.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Mysterious Skin (2004)




EUA / Drama / 99 min
Realizador: Gregg Araki.

Escritores: Scott Heim; Gregg Araki.

Actores: Joseph Gordon-Levitt como Neil; Brady Corbet como Brian; Bill Sage como Coach.




Review: Mysterious skin é sem dúvida um "must see"! Teve uma escrita bastante cuidada e em termos de realização e banda sonora está divinal. A banda sonora é composta por temas instrumentais que apareçem sempre na altura certa e com uma intensidade que varia numa proporção perfeita com as imagens e com o estado de espírito próprio da cena em questão.


É um filme em que a história nos é contada em crescendo, de forma alternada (como aconteçe nos filmes de Inarritu por ex.) e que nos é transmitida com alguma indefinição e confusão no início mas que é brilhantemente espalhada (digamos assim) e contada ao longo do filme, sendo que no final tudo nos é revelado de uma maneira tão subtil quanto bela. O final é lindíssimo.

Mysterious Skin conta-nos a história de 2 rapazes completamente diferentes entre si, que se cruzaram e viveram uma experiência algo traumatizante em miudos relacionada com abuso sexual por um homem mais velho.

Este filme pareçe ter algo de Inarritu como já disse, mas também umas pinceladas de Larry Clark, sobretudo na abordagem do crescimento das 2 personagens nos seus meios de vida bem distintos.

Por um lado temos o Brian, rapaz tímido, solitário que com 8 anos teve 2 episódios em que esteve desapareçido durante 5 horas e que não guarda senão pedaços de memória desse tempo, e que entra ja em adolescente numa busca incessante por esses 2 bocados em branco na sua vida.


Do outro lado temos Neil, quase o oposto de Brian, extrovertido, o melhor no desporto, que gosta de experimentar tudo e que desde muito jovem se assume como homossexual, após uma experiência sexual com um homem mais velho!

O filme retrata as experiências de vida destes 2 jovens desde os 8 anos até à idade adulta, e é engraçado ver partes da história serem contadas pela voz do narrador, sendo o narrador estes 2 actores alternando consoante a personagem.

Este filme contem algumas cenas de violência e violação que poderão causar algum mau-estar, sobretudo a última cena de violação que se passa na casa de banho! Houve contudo por parte de Araki o cuidado de não mostrar muito o corpo nas cenas de sexo entre os miúdos ou mesmo entre adulto-miúdo, recorrendo muitas vezes à filmagem apenas da expressão facial e pequenos gestos, com a tal excepção escrita em cima!


É um filme que aborda a homossexualidade fruto de um acontecimento trágico ocorrido numa fase muito vulnerável do crescimento de uma criança, e tudo o que gira à sua volta, como o problema das doenças sexualmente transmissíveis, a prostituição, a indefinição e a confusão da sexualidade de cada um de nós.


Mas o que não está inerente ao filme, aquilo que está nas entrelinhas diz-nos que este filme é muito mais que isto! Fala da destruição da inocência e de como isso pode afectar o trajecto de vida de cada um. Fala-nos de perseguirmos uma luta na nossa auto-descoberta, sobre o passado e da importância de recordá-lo e finalmente da amizade e daquelas pessoas que por mais longe que estejam estarão sempre por perto


Araki brilhantemente dá maior importância aos diálogos em determinadas alturas, quando procura passar a mensagem de uma forma mais directa (o que aconteçe no final), e ao grafismo sobretudo naquela imagem que é repetida por 2 vezes e que representa sentimentos como a ingenuidade e a meninice e aquela cena nostálgica do Neil e da Wendy no cinema ao ar livre em que começa a nevar e ela refere que está a ouvir a voz de Deus, num momento que pareçe ter saído do nada mas que enriqueçe visualmente o filme.


As 2 imagens:





as últimas palavras deste belo final:


Quem me dera haver uma maneira de ir ao passado e poder mudá-lo.

Mas não havia, e não havia nada que pudéssemos fazer a esse respeito.
Por isso, mantive-me calado e tentei dizer-lhe telepaticamente o

quão arrependido eu estava, com o que tinha acontecido.

Quando penso em toda a dor, tristeza e sofrimento que há no mundo.

Dá-me vontade de fugir.

Desejo por tudo, que pudéssemos deixar tudo para trás.


E nos elevássemos, tal como se fossemos dois anjos na noite, e como por magia....desaparecêssemos.

Pontuação: 8.5 em 10.

Referência final: de referir que este filme foi nomeado 12 vezes em várias categorias, tendo ganho 5 prémios a maioria dos quais a reconheçer o trabalho de Gregg Araki e de Joseph Gordon-Levitt.

Este último cresceu imenso desde o 3º calhau a contar do sol, e está um actor brilhante, depois de ter visto Brick e The Lookout e de ver o papel terrivelmente difícil que assumiu com este filme, posso afirmar que Joseph Gordon-Levitt faz qualquer papel com mestria!


Revisto a 01/12/2007 por Manic

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Impressões acerca do cinema madeirense...

Vi o trailer e confesso que fiquei surpreendido. os quase 4 minutos exalam um potencial tanto em termos de argumento, como visuais. Oxalá que alguma percentagem dos fundos comunitários sejam utilizados no desenvolvimento deste embrião cinematográfico em vez do "betanismo jardinista" que tão mal tem feito à Madeira nestes últimos anos.
Politiquices à parte, a verdade é que todo o nosso país é dotado de paisagens adequadas à rodagem de películas. Lisboa foi utilizada nos cenários das "viagens de Gulliver", assim como no intrigante filme " A Nona Porta" de Roman Polanski. Wim Wenders também a usou como pano de fundo no seu filme "Lisbon Story". Em relação à Madeira, pouca ou nenhuma coisa se fez para promover o cinema. Recordo-me de um filme nos anos 80 rodado no Caniçal, no qual ainda existem vestígios dos cenários em algumas partes. Mas congratulo o pelouro da cultura pela exumação de algumas pérolas do cinema madeirense (como é o caso de "Canção na Terra", que retrata o impacto da seca nos habitantes do Porto Santo), e exibidas em festivais de cinema. Agora, só nos resta pressionar determinados sectores para que sejam canalizados investimentos na esperança de dar a conhecer, em película o valor paisagístico e o misticismo característico do povo madeirense.

Hajam .. (manik, este fim de semana regresso ao consumo cinematográfico)

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

As memórias que nunca se apagam - "curta" madeirense


No penúltimo dia do Festival, foi então exibido a curta daquele que poderá ser a próxima grande produção regional nesta área! Por acaso, já tinha ouvido falar que estavam a gravar cenas para um filme madeirense e nesse dia fui completamente apanhado por esta pequena grande surpresa.

Pelo que já li e pelo que os 2 grandes mentores deste projecto disseram nesse dia, a primeira parte da história e das filmagens estão concluídas, ficando o restante na expectativa de apareçerem fundos que permitam a sua continuação, daí a importância da apresentação deste pequeno aperitivo no Festival. Pelo que li, cada minuto de película custa 400 euros e estamos a falar de um filme que se prevê que dure hora e meia.

Quanto à história ela pareçe engraçadissima. A primeira parte é passada no longínquo ano de 1936 e relata a história de um amor proibido entre dois jovens que queriam fugir para casar, mas que ao serem proibidos pelo pai da moça, separam-se emigrando ele, na promessa de um dia voltar para a vir buscar!

A segunda parte da história passa-se em 2007, com o regresso de João (personagem masculino principal) à ilha, encontrando Maria(personagem feminina) viúva. O amor entre os dois reacende-se e ambos têm de lutar agora contra a neta dela e com os preconceitos da sociedade.

A banda sonora, que me impressionou bastante durante o trailer, é da autoria do compositor Jorgue Salgueiro.

Fica aqui então o pequeno contributo do nosso blog na divulgação do sonho destes 2 jovens - o produtor Eduardo Costa e o actor Dinarte Freitas, num projecto que no que me diz respeito tem pernas para andar, resta-nos esperar que apareçam os fundos.
Lembrem-se que CINEMA também é CULTURA!

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

As Sinopses prometidas...

Uranya (2006)
Argumento: Costas Kapakas;
Realizador: Costas Kapakas;
Actores: Maria Grazia Cucinotta, Dimitris Piatas, Tassos Palatzidis, Fotini Baxevani, Taxiarhis Hanos;
Comédia / 100minutos / Grécia


Numa Pequena aldeia cinco adolescentes crescem com sonhos, preconceitos, segredos e mentiras, mas ávidos por descobrir o amor e o mundo.

A Grécia vive sob as regras tirânicas da junta militar e a sua opressão é sentida por todo o lado. É nesta atmosfera que os jovens crescem em sonhos, preconceitos, segredos e mentiras. O verão de 1960 marca uma reviravolta nas suas vidas. Uranya é uma senhora muito bonita que fora da aldeia, numa casa junto ao mar.

Os jovens planeiam uma jura conjunta: poupar dinheiro suficiente de forma a visitarem Uranya e se iniciarem nos mistérios do amor. Quando confrontados com o grande dilema entre comprar a primeira televisão a preto e branco a fim de verem a aterragem na lua ou permanecerem fieis à jura de visitarem Uranya, os outros jovens desistem e Achilles vê-se sozinho. No final de contas, irão quebrar a jura em favor da visita a Uranya ou será a perspectiva de verem a aterragem na lua demasiado tentadora?


Bliss (2007)
Argumento: Abdullah Oguz;
Realizador: Abdullah Oguz;
Produção: Abdullah Oguz.
Drama / 126 minutos / Turquia
Meryem, uma jovem de 17 anos, é encontrada inconsciente junto a um lago. A sua família, que vive numa aldeia a este da Turquia, julga que Meryem corrompeu voluntariamente a sua castidade e decide matá-la pela necessidade de preservar a honra da família. Esta tarefa é atribuída a Cemal, seu parente próximo. Entretanto, um reputado professor de sociologia, Irfan Kurudal segue viajem de barco, deixando para trás a vida em Istambul, por estar a passar por uma crise de identidade.

O trilho de Meryem e Cemal cruzam-se inesperadamente com o do porofessor na viajem para a morte que estes empreendem. Será que estas três pessoas, que partem em busca da liberdade e de uma segunda oportunidade na vida, serão capazes de ultrapassar o destino neste jornada?


Proibido Proibir (2007)
Argumento: Jorge Durán;
Realizador: Jorge Durán;
Drama / 105 minutos / Brasil

Proibido Proibir conta a história de três jovens universitários: Leon, estudante de sociologia, Letícia, estudante de arquitectura e Paulo, estudante de medicina.

Leon divide apartamento com Paulo. Letícia e Leon são namorados. Quando Letícia conheçe Paulo, os dois se apaixonam. Mas, como Paulo é o melhor amigo de Leon, o triângulo amoroso não se realiza. O que não impede que apareçam tensões entre os jovens.

Os 3 amigos vivem uma experiência limite quando resolvem ajudar Rosalina, paciente que está internada no hospital universitário onde Paulo faz residência, preocupada com o sumiço dos filhos. Ao procurar pelos meninos nos subúrbios do Rio, Leon, Paulo e Letícia se confrontam com a violência da cidade.

Leon tenta resgatar o filho menor de Rosalina, que está sendo perseguido por policiais que assassinaram seu irmão, mas é ferido. No seu carro, Letícia pega Leon e o leva para o apartamento dele. Paulo faz uma cirurgia para retirar a bala do ombro do amigo. A experiência fortaleçe o amor de Paulo e Letícia e consolida a amizade do trio.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

"Bliss" ganha 3º Festival Internacional de Cinema do Funchal

O filme "Bliss" do realizador turco Abdullah Orguz foi o grande vencedor da terceira edição do Festival Internacional de Cinema do Funchal.

O filme foi ainda distinguido com os prémios para Melhor Filme, Melhor Realizador, e Melhor Actriz (Ozgu Namal), pelo que foi o grande vencedor da noite.

O filme "Uranya", do grego Costas Kapakas, recebeu o Prémio Especial do Público, o «En la Cama», do chileno Matias Bize, o Prémio Especial do Júri e o «La Memoire des Autres», da suíça Pilar Anguita-Mackay, o Prémio para o Melhor Argumento.

Lima Duarte recebeu o Prémio de Melhor Actor pelo seu desempenho no filme "Depois Daquele Baile" (um dos filmes que pude ver e realmente o seu desempenho foi muito bom).

O Festival homenageou ainda a actriz britânica Susannah York pela sua carreira na sétima arte.

O júri desta terceira edição era constituído pela produtora brasileira Elisa Tolomelli, pelo distribuidor francês Bruno Chatelin, pela realizadora brasileira Malu de Martino, pelo director de fotografia António santos e pelo jornalista José Vieira Mendes.

Esta iniciativa teve o apoio da Câmara Municipal do Funchal e a organização da Cooperativa de Cinema PLANO XXI.

Em breve queria deixar-vos com a sinopse do Bliss, do Uranya e do Proibido Proibir!

domingo, 11 de novembro de 2007

WTHAM&P? presente no seu 1º Festival de cinema


Ah pois é, nesta semana que passou o nosso modesto blog de cinema deu um grande passo em frente ao estar presente por 2 vezes em 2 sessões do 3º Festival Internacional de Cinema do Funchal.

Sendo este, um festival low-budget e sem prémios monetários é de aplaudir o número de submissões a concurso que surgiram do investimento feito ao dar a conheçer este festival no último mercado do Filme em Cannes (centena e meia de filmes de 39 países distintos, já é muito bom).


Para além dos filmes em competição, o programa deste ano contou também com uma amostragem de filmes brasileiros, graças ao apoio da Fundação Luso-brasileira.


As sessões tiveram lugar no teatro Baltazar Dias às 15h,18h e 21h30 e o preço era bem razoável - 3 euritos apenas. A cerimónia de encerramento e entrega de prémios teve lugar no Centro de Congressos da Madeira.

No dia 3 Novembro 2007 pude ver o filme "Diário de um Novo Mundo" - inserido na amostragem de filmes brasileiros - e a 9 de Novembro o filme "Depois Daquele Baile" - um dos filmes em competição - e cujas reviews farei em breve!

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Dot.com (2007)

Dot.com
Portugal / Comédia light / 103 min
Realizador: Luís Galvão Teles. Escritores: Suzanne Nagle, Gonçalo Galvão Teles (adaptação portuguesa de diálogos). Actores: João Tempera como Pedro, Marco Delgado como Victor, Isabel Abreu como Ana, María Adánez como Elena.

Review: Dot.com é um filme simples, em que a história principal nos é contada logo na primeira meia hora de filme e que vem nos traçar o perfil sociológico quase perfeito dos habitantes de uma aldeia portuguesa completamente rural, sendo que podemos na minha opinião, pegar nesta caracterização e levá-la ao meio urbano, às grandes cidades e mesmo às ilhas.
Neste perfil que nos é traçado só se esqueceram de uma coisa - o Futebol (se bem que ele é lembrado, mas apenas por um instante), porque de resto está lá tudo. O cafézinho pela manhã, as bilhardices, o atirar o cigarro para o chão e apagá-lo com o pé, os vizinhos a meter o bedelho, o papel da igreja, os maridos à espera que acabe a missa nos degraus da igreja, temos um presidente de junta igual a tantos políticos que por aí andam, um louco, o padre e os seus sermões..e muito outros grandes pormenores que não me recordo.
É focado também com bastante frequência o papel da informação, da internet que por incrível que pareça existe na vila só que é apenas usada pela única pessoa com formação superior na vila - o engenheiro Pedro.
Não se trata de um grande filme, e na minha opinião esta poderá ser uma comédia, mas uma comédia light, pois nem me lembro de dar uma gargalhada no verdadeiro sentido da palavra, à excepção de umas tiradas do gajo que era contra os espanhóis!
Depois, é preciso estar atento a conversas que aparentemente são banais mas que depois nos ajudam a completar a história, houve aspectos do filme que só percebi perto do fim (como quem era a "Concha")!
Pontuação: dou-lhe um 5.5.
Conclusão: não estamos definitivamente perante um grande filme, podem e devem vê-lo se procuram um filme light e bem disposto. Acima de tudo não criem grandes expectativas como eu criei ao ver o trailer tantas vezes na Tv, porque quiseram nos vender uma coisa e tivemos outra.

sábado, 20 de outubro de 2007

Turtles can Fly (2004)

Turtles can Fly
Irão-Iraque / Drama / Guerra/ 98min
Realizador: Bahman Ghobadi. Escritor: Bahman Ghobadi. Actores: Soran Ebrahim como Satellite, Avaz Latif como Agrin, Saddam Hossein Feysal como Pashow, Hiresh Feysal Rahman como Hengov, Ajil Zibari como Shirkooh, Abdol Rahman Karim como Riga. (pequenos grandes actores).


Review: Antes de começar deixem-me só gritar SATELLITEEE! Bem como tenho ouvido muitas críticas a apontar para demasiada atenção ao cinema comercial, que tal uma produção Irano-iraquiano?humm?

Primeira impressão vai para a emotividade deste filme, como é centrado muito em crianças e nos traumas da guerra não é nada aconselhável às Marias choronas que por aí andam.


Este filme centra-se numa pequena aldeia situada na fronteira do curdistão iraquiano com a Turquia, focando especialmente um grupo de crianças (algumas órfãs de guerra) com 10 a 14 anos lideradas pelo maiorzinho deles todos, o único rapaz da aldeia que fala meia dúzia de palavras em inglês e que tem como apelido - Satellite, por se dedicar à instalação de antenas em redor da aldeia.

É um filme que procura retratar: o quotidiano de um Iraque no pré guerra; os horrores que advêm da guerra em si, focando especialmente as mutilações, o mercado negro, a subida dos preços e o flagelo das minas terrestres e finalmente a esperança de um futuro melhor após a vitória dos americanos.


Bahman Ghobadi consegue brilhantemente e através dos olhos das crianças iraquianas, retratar as situações referidas em cima e consegue ainda usar da ironia em situações muito específicas:

  • um dos miúdos refere que Zinedine Zidane é americano;
  • um dos miúdos consegue comprar no mercado negro uma parte do braço da estátua de Saddam que nós tantas vezes vimos cair pela TV.

À atenção de todos nós, Ghobadi "critica" as acções armadas tantos do exército americano como do iraquiano!


Outro aspecto que me marcou bastante foi a crueldade com que diversas situações da vida das personagens é tratada, nomeadamente:

  • o trauma pós -violação que atinge a personagem feminina, que transporta toda essa raiva para tendências suicidas para consigo e homicidas perante a criança que trata e que não é dela;
  • a mutilação da personagem Hengov e a forma como este se adapta a uma vida sem braços.

Uma outra faceta deste filme é a importância dada por Ghobadi ao poder da informação e á forma como a mínima notícia externa é capaz de mobilizar toda uma aldeia (falamos de 3000 pessoas) em roda de uma única Tv com parabólica e ao poder de falar uma segunda língua (neste caso o inglês).


Pontuação: dou-lhe um 8.5 em 10, pela coragem deste realizador, pela aposta num filme em que as personagens principais são todas crianças e pela universalidade que um filme que retrata a vida numa aldeia isolada do Iraque conseguiu ter.


Conclusão: Recomendo vivamente este filme: a todos os senhores da guerra; ao público em geral e especialmente a todos aqueles que julgam que não viveram a sua juventude como gostariam (vejam o filme e irão perceber :) ).


Referência final: este filme ganhou: o Glass Bear - Special Mention e o Peace Film Award do Berlin International Film Festival; o Golden Dolphin do Festróia - Tróia International Film Festival; 2 prémios dados pela audiência nos festivais Rotterdam International Film Festival e Mexico City International Contemporary Film Festival etc, etc

revisto por Manic a 21/10/2007

domingo, 30 de setembro de 2007

Transformers (2007)

EUA/ Acção/ Sci-fi/ 144min
REALIZADOR: Michael Bay. ESCRITORES: Roberto Orci; Alex Kurtzman (estes 2 escreveram alguns episódios de Alias); John Rogers .
ACTORES:
Shia LaBeouf como Max; Megan Fox como Mikaela; Josh Duhamel como Capitão Lennox.
Review: bem como tava-me a apeteçer um filme mais "comercial" optei por um bastante recente que me despertou bastante curiosidade..o que fui eu fazer..eu que foi um fiel seguidor da série animada!
Bem, este filme até nem começa muito mal com uma introdução do Optimus Prime à "Star Trek".
Muito dinheirinho deve ter entrado por publicidade à marca das impressoras, à Pana qq coisa, à maior empresa americana de automóveis, entre outras que não apontei!
Esboçei um sorriso nalgumas cenas (não cheguei a rir):
- o placar do professor a dizer "quiet";
- a piada sobre o filme "virgem aos 40";
- a cena da chamada para o Pentágono.
Vamos então à essência do filme:
Começa uma guerra na Terra entre 2 grupos de robots, Autobots (bons) e os Decepticons (maus), e do resultado desta luta pesa o futuro da humanidade, bla, bla, bla..
Este foi um típico filme à americana, que só devia ser visto por americanos (penso que só eles irão recordar este filme por mais do que algumas semanas). Argumento muito pobre, a história do filme conta-se em 2 minutos e não sai daquilo. Começa com um ambiente muito teen, onde nos é apresentada a personagem feminina principal, que entra numa pobreza de diálogos com o Max (a lembrar partes de filmes como American Pie e outros do género), piadas baratas ao longo do filme (a da fada dos dentes foi penosa de ver), má caracterização dos robots (ao contrário do que tenho lido, mas porra as caras estavam muito mal feitas, um rigor excessivo nos pormenores do corpo nem dando para perceber onde começa os pés e onde acaba a cabeça), previsível (vi logo que ele ia pegar na cbr!!!), enfim...
Deixo-vos com alguns pormenores do mais triste que me lembro:
  • um dos tranformers tinha cara de cachorro;
  • um gajo que se diz ser de um Depto de Segurança Nacional do mais secreto que existe diz que o ordenado dele e uma merda???hein?
  • Marines/NSA/o Max e os amigos/os robots/o próprio do Secretário de Defesa Nacional, não acharam que podia ser gente a mais??
  • o Secretário de Defesa Nacional aos tiros, a ajudar os bons???
  • conduzir os Decepticons para o meio de uma cidade em pleno dia, para aí se defenderem melhor (FDX pelo amor de Deus para o meio de uma cidade cheia de gente!!!!)
Pontuação: 7,8 dá-lhe o IMDB, eu dava-lhe um 5,5.

Conclusão: pela minha opinião acho que uma das melhores séries animadas de sempre merecia um filme com muito mais seriedade!! Shame on you! e pior que isto são os putos que hoje têm 15 anos que vão ver o filme e nem viram os desenhos animados ainda vão dizer que foi um grande filme!!
Eu tinha escrito num papel que isto parecia um Armageddon 2...e depois dir a internet...o realizador é o mesmo!!! lol!
Como é que o Spielberg se mete nisto? Só pela receita nos EUA??bah
Mas as grandes críticas têm de ir para os escritores, pessoal que escreveu episódios para a Vingadora uma série que prima pela originalidade e imprevisibilidade e fazem-me esta CAGADA de argumento!
Vejam, só para verem um filme comercial no verdadeiro sentido da palavra, os fãs da série animada mereciam mais RESPEITO!
revisto por Manic a 30/09/2007

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Irreversible (2002)

Realizador: Gaspar Noé
Actores: Monica Belluci (Alex), Vincent Cassel (Marcus), Albert Dupontel (Pierre)
O cinema sempre fez parte do nosso imaginário. Grande parte das nossas vivências são, inevitalmente associadas a determinadas cenas que vimos nos filmes. Para mim, é aí que reside a magia do cinema. É saber cativar, surpreender, deliciar e deleitar o espectador. No caso de "Irreversible" percebe-se desde os primeiros minutos que o objectivo de o realizador é enojar e traumatizar o espectador.
"Irreversible" é um filme francês do cineasta argentino Gaspar Noé, que foca o impacto de uma violação a uma mulher, no namorado e no melhor amigo dele. O filme é revelado de forma inversa, do mesmo modo de "memento" (Cristopher Nolan, 2001), sendo contado do fim para o início. Na primeira cena do filme, assistimos a um diálogo bastante bizarro entre dois homens sobre o tempo ("O tempo estraga tudo", curiosamente a última frase do filme), elemento muito preponderante na "compreensão" do filme. Divido este filme em duas partes: a primeira hora do filme narra várias cenas nocturnas, entre as quais, uma viagem insana a um clube gay chamado "rectum", uma morte chocante e uma violação ainda mais chocante. Esta última cena é incrivelmente perturbadora, e até hoje, considero essas cenas, especialmente a da violação uma das cenas mais horrídas que jamais vi no cinema.
Já vi muitos filmes na minha vida sobre pedofilia ,sexo, drogas e depravidão sexual("Mysterious Skin", Greg Araki, 2004, "Kids" Larry Clark, 1995,"Drugstore Cowboy, Gus Van Sant, 1989,"Salo e os 120 Dias de Sodoma", Pier Paolo Pasolini, 1975), que são sempre temas delicados de se abordarem, mas nunca me senti tão repugnado e enojado por um cena. Talvez seja eu que não lide bem com violações,mas acho que todos concordarão que a cena da violação é excessivamente cruel e traumatizante de se assistir (para além de desnecessariamente longa).
Já a segunda hora do filme narra os acontecimentos que precederam a violação. Filmada num estilo mais suave e subtil, assistem-se a diálogos sobre os temores, desejos e confissões do casal.
Decerto, alguns leitores acusar-me-ão de conservadorismo e de ser ataísta no que diz respeito à utilização das novas tecnologias no cinema e da abordagem de temas tão sórdidos como os que retrata "irresistible". Não é o caso. "Requiem for a Dream" (Darren Arofnosky, 2001) e "Fight Club" (David Fincher, 1999) são filmes com uma estética similar, utilizando planos de câmara alucinatórios , e improváveis e são, contudo, alguns dos meus filmes preferidos.
No que diz respeito aos temas explorados neste filme, defendo-me afirmando que David Cronenberg (o rei do horror), Greg Araki (a cena de violação em "Mysterious Skin" é das mais perturbadoras que já vi, e no entanto é dos meus filmes preferidos, porque existe um objecto concreto) e David Lynch (A morte de Laura Palmer em "Fire Walk With Me" é brutal mas redentora)são dos meus realizadores preferidos.
O problema de "Irreversible" é que se ocupa exageradamente da violência. Carece de um objecto fílmico redentor, e quanto o tenta, alimenta-se de intelectualismos "baratos" que a muitos provavelmente fará sentido, mas na minha opinião não passam de fatuidades.
Aspectos positivos- A coragem de Monica Belluci ao ter aceite o papel. Talvez a mostragem da cena da violação em algumas prisões, incutiria algum humanismo aos violadores. Boa banda sonora de Thomas Bangalter (membro dos daft punk), uma composição musical demarcada por ritmos industriais e technos. Curiosamente, é bastante animada para um filme tão soturno. Aconselhável.
Aspectos negativos- A pretensiosidade do filme. Gaspar Noé afirmou numa entrevista que pretendia enojar o público com o filme. Consegui-o..Parabéns senhor Noé, criou uma das obras mais nauseabundas que alguma vez vi. Não o vou esquecer tão depressa..mas pelas piores razões.

domingo, 16 de setembro de 2007

Alice (2005)

Portugal / Drama /102 min
REALIZADOR: Marco Martins. ESCRITOR: Marco Martins.
ACTORES: Nuno Lopes como Mário; Beatriz Batarda como Luísa.

Review: Passaram 193 dias desde que Alice foi vista pela última vez. Todos os dias Mário, o seu pai, sai de casa e repete o mesmo percurso que fez no dia em que Alice desapareçeu. A obsessão de a encontrar leva-o a instalar uma série de câmaras de vídeo que registam o movimento das ruas de Lisboa. No meio de todos aqueles rostos, daquela multidão anónima, Mário procura uma pista, uma ajuda , um sinal... A dor brutal causada pela ausência de Alice transformou Mário numa pessoa diferente, mas essa procura obstinada e trágica, é talvez a única forma que ele tem para continuar a acreditar que um dia Alice vai apareçer.
Já não via um filme português à imenso tempo, desde o Crime do Padre Amaro acho eu e este Alice veio mesmo a calhar para um sábado à noite.

É um filme em que mal reparas no uso de cores, quase sempre pintado em tons de cinzento, quiçá a condizer com o estado de espírito dos pais de Alice, com a estação do ano - Inverno (?)(chega a chover algumas vezes, Mário anda sempre de casaco).

Genial os primeiros 7 a 15 minutos, que mostra as primeiras horas do dia de Mário e um retrato de Lisboa em hora de ponta, com relevo especial aos sons, à correria para os trabalhos, à indiferença no olhar de todas aquelas pessoas que viam Mário a distribuir folhetos.

Genial a primeira frase do filme por parte de Luísa.

Um filme que retrata a a angústia e o desespero das primeiras horas à busca incessante, infrutífera e desgastante como é possível ver pelas expressões e pela brilhante caracterização da personagem Mário.

Algumas críticas em blogs como este apontam negativamente para os pouquíssimos diálogos, não consigo estar de acordo com isto, tal como na vida de cada um há alturas em que é melhor estar calado e não dizer nada, ou poucos diálogos deste filme obriga-nos a tentar preencher os espaços em branco subtilmente deixados no filme (sendo que para isso também contribui o facto dos pulos que são dados no tempo).

2 aspectos interessantes:

1 - o papel das peças de teatro protagonizadas por Mário e por 1 dos seus amigos (como escape?);

2 - a importância das novas tecnologias neste filme. Porque é que Mário recorre principalmente às câmaras de filmar para o ajudarem na sua busca ( menosprezado o papel das relações humanas) e ao mesmo tempo distribui flyers com a cara da filha pelas pessoas e pelos carros em Lisboa - grande contra senso.

bem tenho de ver este filme 2ª vez :9

É obrigatório a meu ver salientar individualmente algumas pessoas:

1 - Marco Martins, pela ousadia e originalidade, ele que vem do ramo da publicidade;
2 - Nuno Lopes, pela desempenho irrepreensível, por ter entrado tão bem nesta personagem;
3 - Bernardo Sasseti pela belíssima banda sonora, que contrasta brilhantemente com as belas imagens de Lisboa usadas no filme.

Pontuação: 7,4 dá-lhe o IMDB - perfeito.

Referência final: este filme foi vencedor do prémio Prix Regards Jeune em Cannes (melhor filme da Quinzena dos Realizadores para um júri de espectadores jovens, não-profissionais do cinema) - Primo quero fazer parte deste jurí!


Conclusão: o cinema português não precisa de padres e de gajas boas para nada! dêem um pulo a http://www.madragoafilmes.pt/alice/.

revisto por Manic a 14/09/2007

Fando Y Lis (1967)


Ano - 1967
Realizador - Alejandro Jodorowsky
Actores - Sergio Kleiner (Fando), Diana Mariscal (Lis)
Os primeiros decénios do século XX ficaram marcados pela irrupção de vários estilos literários e artísticos. Um deles foi o surrealismo, que surgiu originalmente no seio de um grupo elitista liderado por Tristan Tzara e Andre Breton em 1919 (creio eu, nao tenho paciência de confirmar).
Este movimento, tinha como objectivo transpor para um quadro visível os impulsos emocionais e espontâneos do universo onírico.
A transição do pincel para a película deu-se em uns anos mais tarde pela mão de Luis Bunuel numa curta metragem intitulada de "Un Chien Andalou" (1928). O surrealismo popularizou-se seriemente umas décadas mais tarde pelas mãos do cineasta David Lynch, mas por mais que o admire, o verdadeiro esplendor do surrealismo reside em outros cineastas e outras obras.
É o caso de Alejandro Jodorowsky, um realizador genialmente abstracto. Ídolo da BD (responsável por obras tão bizarras), a sua primeira passagem pelo cinema deu-se em 1967, através de Fando Y Lis, uma improvável história de amor entre um homem sinistro e uma mulher paraplégica. A sinopse da história é bastante simples e narra a caminhada do casal até à cidade perdida de Tar. A mitologia e a história desta cidade encontra-se descrita no genérico de forma bastante fantasiosa e em jeito de fábula.
Pelo meio, são vários os encontros com personagens estranhas e inesquecíveis (simplesmente hilariante o jogo de cartas entre as velhas). Mas igualmente inesquecíveis, são as cenas de violência (bastante raras na altura) perpretadas por Fando à sua amada que ainda hoje, 40 anos depois perturbam bastante.
Em jeito de conclusão, é um filme que se aconselha com alguma precaução, especialmente para aqueles que desejam ver algo diferente e refrescante.
Curiosidades - Aquando da sua ante-estreia no Chile, o público, chocado perante algumas cenas do filme, apedrejou Jodorowsky obrigando-o a fugir.
Aspectos positivos - Filme mágico e cativante, com uma bela história de amor surreal e com alguns momentos incrivelmente ternurentos. Esta vertente humanista do cineasta é desenvolvida posteriormente em "Santa Sangre" (1989). Essência de "road-movie".
Aspectos negativos - Nenhum :)

Ônibus 174 (2002)






Brasil / Documentário /118min (há versões maiores)
REALIZADOR: José Padilha; Felipe Lacerda (co-director).

ESCRITORES: José Padilha.




Pensei algumas vezes antes de tentar colocar neste blog o turbilhão de ideias que me ficou na cabeça depois de ver este documentário, pensando que não conseguiria transmitir todas as ideias, ou não me conseguisse expressar bem. Felizmente este filme é muito discutido na net, e encontrei nalgumas críticas pontos chave em comum com o que senti.



Review:



Aviso: Contém Spoilers.


É um filme que retrata os acontecimentos de um sequestro de um autocarro no Rio de Janeiro, mas que consegue ir para além desta temática e utiliza este acontecimento como ponto de partida para traçar um pouco das várias problemáticas sociais que assolam a população brasileira, relacionando sempre com o caso particular do Sandro (o grande protagonista).


Estruturalmente trata-se de um documentário que conta duas histórias ao mesmo tempo intercaladas: uma a partir de imagens retiradas das várias cadeias de Tv brasileiras sobre o caso - ônibus 174 e outra sobre a trajetória traumática da vida de Sandro (vê a mãe morrer à sua frente, desalojado, pequenos roubos, vida na prisão).


Este documentário que saiu em Outubro de 2002, encaixa na perfeição com a expressão "pôr o dedo na ferida". E a força maior deste documentário consiste nisso mesmo, expôr com clareza tudo o que se passou no sequestro do ônibus 174 no dia 12 de junho de 2000, junto ao bairro do Jardim Botânico - Rio de Janeiro e contextualizar a vida do sequestrante -
Sandro Barbosa do Nascimento - tentando correlacionar as suas acções com o passado traumático que ele teve.
Segundo o Jornalista António Cândido este filme procurou fazer o que a TV jamais sequer tentou: explicar ou contextualizar todas aquelas imagens tão violentas e chocantes que todos sempre adoramos assistir e que depois tentamos rapidamente esquecer.



Queria só lembrar que as TV´s brasileiras acompanharam este sequestro desde praticamente o seu início até o desenlaçe final. Ou seja, passarm sem qualquer tipos de corte, os 3 tiros disparados dentro do autocarro, sendo que um deles foi dirigido a uma rapariga, que todos lá em casa julgaram morta, a polícia inclusive - o que era falso - e a cena final (SPOILER) em que o sequestrante + uma refem se envolvem numa louca troca de tiros cm 1 polícia - tudo em DIRECTO (imaginem só o escândalo que aquela TV portuguesa que nos sabemos quem é não faria)!


Este sim é um ponto quente que daria um bom tema para A Grande Reportagem.




Algumas questões valem a pena ser alvo de debate:




Até onde pode ir a cobertura televisiva? Podem ser estabelecidos limites? O que se pode fazer perante informações erradas por parte da comunicação social(CS)? Até que ponto devemos acreditar na visão única do mundo por parte da CS?


Segundo o estudo em que me baseie: A intenção de José Padilha, diretor do documentário, é trazer à tona o período de “invisibilidade” de Sandro, com o objetivo de tirar o espectador da inércia e acordá-lo para o problema que está à sua volta.




Precisam-se de mais José Padilhas no Mundo !!!



2º Ponto - Quem nos protege da Polícia?


No final do sequestro uma estupidez de um polícia quase que estragava o esforço de várias pessoas durante aquelas 4 longas horas. A juntar a isso permanece no segredo dos deuses a forma como o sequestrado e morto no carro da polícia que o levava ao hospital.


O soldado que disparou contra o sequestrador, acertando somente a refém Geisa Firmo Gonçalves, consegue sua absolvição em 2002, através do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. No mesmo ano, no dia 11 de Dezembro, os policiais militares acusados da morte de Sandro são absolvidos pelo júri popular por 4 votos a 3, em mais de 20 horas de julgamento no 4o Tribunal do Júri. Os jurados se convenceram de que o próprio bandido se sufocara ao tentar se libertar dos policiais. Pelo amor de DEUS!!!



Pontuação: concordo plenamente com os 7,9 do IMDB.


Referência final: este documentário foi nomeado e premiado várias vezes, inclusive no bastante falado Havana Film Festival.


CONCLUSÃO: acho que não é preciso acrescentar mais nada..


revisto por Manic a 16/09/2007